A empresa não é só um escritório: tem pessoas e isto muda tudo!

 

“Conectar pessoas é um trabalho. Conectar pessoas é uma arte”.  Eckart Wintzen, (1939-2008), empreendedor holandês, ligado a sustentabilidade.

Quando você procura uma empresa na internet, você visualiza dados básicos:  site, telefone, endereço, rotas para chegar lá,  mas ela é mais do que um ícone no mapa; é feita de pessoas, clima organizacional, ambiente psicológico, cultura, valores, missão, etc., enfim, ela tem uma personalidade.

Quem é responsável por esta vibe? Diria que é a liderança, mas isto não resume o assunto; acho que são os próprios colaboradores que vão se engajar; porque além de  lideranças carismáticas,  você vê clareza nos objetivos, comunicação clara, uma visão assertiva, o que proporciona  produtividade, colaboração, tornando o ambiente saudável e motivador.

Trabalhei numa empresa assim durante 10 anos – foi meu debut na área de TI  em nível global. Foi a época das minhas primeiras viagens aos Estados Unidos, onde aprendi a gostar do American way of life,  a cultura americana; comecei a trabalhar com mais foco e métodos, porque nem sempre estar atolada significa ser produtiva. Deadlines existem o tempo todo.   Também notei que nosso jogo de cintura, uma característica muitas vezes útil  aqui,  acaba se confundindo com o “jeitinho brasileiro”, que nem sempre é legal ou necessário na terra do Tio Sam.

Mas o que faz uma empresa ser cool, moderna, diferente? Ter líderes carismáticos, ser visionária, criar tecnologia de ponta, cuidar bem de seus funcionários, ser flexível, ser líder em seu segmento? Tudo isto e mais um pouco: contar com pessoas que abraçam a causa, o famoso “vestir a camisa”,  e o teamwork  que se cria em torno disso!  Pessoas são os ativos mais importante de uma empresa e você se sente assim quando a situação é real e não apenas uma expressão no annual report.

Estou falando de 20 anos atrás, não existia home office, mas o office era o the place to be, o lugar perfeito. Você convive com pessoas que fazem tudo valer muito a pena, uma equipe divertida, motivada, falando a mesma língua e construindo algo juntos.  Então, quando 20 anos depois, alguém resolve recriar este clima numa rede social, você não pensa duas vezes, porque estar ali é reviver aquele ambiente.

Os apelidos continuam, as lembranças, as brincadeiras,  e aí você  chega à conclusão de que esta foi de longe a melhor empresa que você  trabalhou, uma época cheio de novidades: visitas frequentes aos Estados Unidos, eventos em paraísos havaianos, dirigir o primeiro carro automático na vida, fazer job rotation e  hoje ter amigos que continuam a fazer parte da sua vida. Não existe mais teamwork, o work não é mais o mesmo, as pessoas mudaram, mas o team está online, ativo e operante!  Ainda bem! Parece que foi ontem!

 

Gladis Costa

MULHERES GLOBAIS

CARREIRA: Mulheres de Negócios que fazem sucesso fora do Brasil!

 

Pão brasileiro numa padaria canadense!

 

Estreando a seção “Mulheres Globais” com um bate-papo com a Patricia Napolitano,    da Sweet Flower Baker Shop,   de Toronto, no Canadá.  A Patricia é de Santos-SP e tem 50 anos.

Gladis Costa Como foi deixar o Brasil e partir para um país diferente, numa função tão diferente da sua área, que é Arquitetura?

Patricia Napolitano Quando decidimos sair do Brasil, eu já tinha uma ideia que teria que sacrificar minha carreira, sabia que o mercado no Canadá exigiria de mim muita criatividade. Como também tinha um amor muito grande por pães e bolos (já tinha inclusive me aventurado a fazer esses quitutes pra vender), achei que seria uma boa  ideia investir numa carreira que me daria um emprego assim que eu chegasse, e também que  eu faria parte da lista do governo de ocupações que futuramente abririam as portas para a residência permanente.

GC:  O que te levou a esta decisão?

PN: Os principais motivos foram a necessidade de arrumar um emprego o mais rápido possível, a dificuldade de trabalhar em carreiras aqui chamadas de certificadas, que precisam de equivalência de diploma e várias provas para alcançar o nível esperado por eles, o que significa um investimento de tempo e dinheiro que nós não tínhamos, porque no nosso plano de viagem, meu marido Fabio, é quem seria o estudante.

GC:  Você já falava Inglês? Tinha alguma noção sobre a área de alimentação?

PN  Sim, já falava inglês porque fiz intercâmbio nos Estados Unidos por um ano. Quanto a trabalhar com alimentação, a única experiência que eu tinha era com a minha própria empresa de pães e bolos,  e o amor que eu tenho por encher o ambiente com aquele cheirinho delicioso de pão fresquinho. Mas assim que cheguei,  já procurei saber que tipo de certificado eu necessitaria para trabalhar com alimentação e rapidamente tirei essa licença para me qualificar nesse segmento.

GC. O que te levou a ir para esta área? Parece que vários empreendedores estão indo para este caminho, não é?

PN Apesar de eu não trabalhar na minha própria empresa, o que seria o ideal, descobri que existe uma satisfação muito grande em trocar as dores do cérebro pelas dores nas mãos. Existe um prazer imenso em fazer algo pra as pessoas se deliciarem e se sentirem bem. Trocar as inúmeras planilhas e incontáveis horas no computador, por um prazer imenso de brincar de bruxa e misturar todos aqueles elementos químicos e o seu produto final ser a coisa mais gostosa e prazerosa que você poderia produzir, um cookie de chocolate, por exemplo. Essa troca de energia entre o seu corpo e os produtos que você está misturando e inexplicável e aparece no produto final.


GC: Como é viver no Canadá? Como são as amizades, o clima, é mais fácil fazer negócios aí do que aqui?

PN O Canadá, como qualquer outro país, tem seus problemas. Muitos deles de ordem social como drogas, doenças psicológicas, etc… Mas como instituição, a engrenagem funciona muito bem. Me sinto muito segura, apesar de morar numa das maiores cidade do Canada. Mas a violência aqui e muito diferente da do Brasil. Vivendo aqui aprendi a amar muito meu país, sinto muita saudade das coisas simples como comprar pão fresco de manhã, abraçar quem eu gosto, comer fruta fresca, aproveitar o sol o ano inteiro, cheiro de chuva na telha de barro e essas coisas deliciosas que só tem na terra da gente, mas aqui eu tento criar novas memorias, num novo lugar.

Infelizmente, como em qualquer país de primeiro mundo, você só recebe se trabalha, então não consegui ainda conhecer muito do lugar que me recebeu com tanto carinho, mas ainda terei o prazer  de fazer isto. As amizades vêm com o tempo, mas com certeza ficam mais dentro da comunidade. Tenho amigos canadenses, principalmente no trabalho, mas aqueles do coração são aqueles que vivem a experiência com você, te acompanham nas tuas dores e lutas e entendem suas dificuldades, porque eles também passaram pelas  mesmas.

Esses mesmos amigos te fazem entender que o clima (frio) não e tão ruim assim, que você consegue sair pra passear até quando está nevando e que os flocos de neve têm formatos únicos e exclusivos, e aí a gente tenta acreditar e “finge” que nem está com frio. Pequenos negócios aqui têm auxílio do governo para começar, mas não deixa de ser um desafio. Aqui no Canadá tudo gira em torno de quão profissional é a sua rede de contatos, o conhecido networking. Nada acontece se você não tem essa rede. A grande maioria dos pequenos empreendedores brasileiros depende da comunidade para que seus negócios cresçam.


GC: Existem muitos estrangeiros? E brasileiros, já conheceu muitos?

 PN Toronto é basicamente uma cidade de estrangeiros. É uma cidade multicultural e diversificada, e por conta disso muito rica culturalmente. A comunidade brasileira já era grande quando cheguei e de uns 4 anos pra cá cresceu exponencialmente; o que tem trazido novos negócios e também muita gente boa.


GC. As pessoas gostam das coisas brasileiras (pão, doces, tortas)?

PN Amam! Aqui já tem pastelaria, padaria, restaurante, supermercado online, todos empreendimentos exclusivos de produtos brasileiríssimos. Os canadenses estão aos poucos reconhecendo nossa culinária e se apaixonando. O único problema é quando a gente pede para eles falarem “coxinha”.


GC  Há muitos restaurantes brasileiros aí?

Alguns já estão estabelecidos aqui há um bom tempo e são deliciosos, mas o que agora está mais acontecendo, até por conta da situação extrema que estamos vivendo com o Covid;  é que negócios estão se formando e sobrevivendo unicamente através do e-commerce. Muitas empresas trabalham fazendo delivery de comida, pizza, alimentação fit, bolos e brigadeiros e muitos outros negócios, tudo via internet.

 

GC. Quantos anos vocês estão aí? Tem planos de voltar?

PN Estamos aqui há 4 anos e recentemente recebemos nossa residência permanente. Pretendemos voltar para visitar e matar a saudade da família a das coisas únicas que nosso país tem, mas não sei se voltaria pra morar. Existem motivos muito pessoais que nos fazem repensar todas as nossas decisões. Meu objetivo agora é trazer meus pais pra morar comigo, tendo eles aqui comigo fica mais fácil de realmente me adaptar de vez e só voltar mesmo pra visitar. A ideia e criar raízes, mas os planos podem mudar não é?


GC. Você acompanha as atividades do Grupo Mulheres de Negócios? Sabia que há 15 mulheres do grupo Mulheres de Negócios em Toronto e Região aí no Canadá?

PN Sim, mas não sabia que éramos tantas. Adorei saber, espero que possamos nos reunir por aqui e quem saber fazer ações pelo Grupo.