Acabo de ver uma matéria no Jornal SP1 da Globo (*) sobre a importância do transporte público na vida da mulher que trabalha. A repórter acompanhou o trajeto feito por uma trabalhadora de Santo Amaro até Embu Guaçu, uma viagem de 2 horas e 11 minutos, que envolve caminhada, metrô, trem, atrasos, insegurança e desconforto
Em função das responsabilidades de cuidar da casa, da família e dos filhos, mulheres usam muito mais o transporte público que os homens. Estes fazem muitas viagens ponto-a-ponto, como casa-trabalho-casa, enquanto as mulheres fazem viagens longas, com paradas para levar a criança à escola, ao médico, passar no supermercado e voltar para casa. Estas mulheres reclamam que diariamente são obrigadas a fazer uma viagem muitas vezes de pé, num ambiente confinado e sujeitas à violência e assédio. É uma jornada ameaçadora.
Para melhorar este cenário, elas dão sugestões que passam pela cobrança de preços mais justos, tendo em vista a precariedade do serviço, e mais opções de transporte na cidade para reduzir o tempo gasto para o trabalho. Para poder programar seu dia com tranquilidade precisam contar com informações atualizadas sobre horários e intervalos para que não fiquem tanto tempo sozinhas numa estação ou longe de casa. Mulheres negras e periféricas estão mais sujeitas à violência do que homens brancos e que moram em áreas centrais da cidade. Elas gostariam que a gestão pública considerasse estas especificidades.
Mulheres já são 45% dos trabalhadores que sustentam família. O transporte é o passaporte para a independência financeira e sua inserção na sociedade: seria muito injusto perder este trem.
(*) Edição de 13/08/2022